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Transtorno Alimentar e os impactos na saúde mental

  • Foto do escritor: Camila Pescuma
    Camila Pescuma
  • 14 de jun. de 2022
  • 4 min de leitura

Os Transtornos Alimentares são caracterizados por comportamentos alimentares disfuncionais, podendo levar ao emagrecimento extremo, à obesidade, ou outros problemas físicos. Sendo assim, o comportamento relacionado à alimentação que resulta no consumo ou na absorção alterada de alimentos compromete significativamente a saúde física e o funcionamento psicossocial das pessoas.


DIAGNÓSTICO E CAUSAS

Para ser considerado um transtorno, o comportamento alimentar incomum precisa durar um certo período, causando prejuízo à saúde física e à capacidade de desempenhar a rotina do dia a dia, afetando negativamente as relações sociais.

De acordo com uma pesquisa realizada pela Associação Americana de Psiquiatria, 1% da população mundial – cerca de 70 milhões de pessoas – sofrem com transtornos alimentares. A etiologia dos Transtornos Alimentares está associada principalmente aos aspecto sócio-cultural, embora não se deva descartar os fatores biológicos, psicológicos e familiares e por ser multifatorial, a influência social para manter-se magro, seguindo padrões estéticos, a baixa autoestima, entre outros, são aspectos determinantes para desencadear o transtorno alimentar.


Quem sofre de transtorno alimentar não consegue fazer escolhas livres em relação à sua alimentação ou ao seu corpo, e acaba sendo refém dos medos e obsessões que dominam sua vida. Todo transtorno alimentar é o reflexo da relação conturbada com o alimento, com o ato de comer e com o corpo. Muitas vezes você pensa que não sofre com um transtorno alimentar, mas sofre com o corpo e com a comida, ou sua alimentação tem sido de forma persistente fonte de angústia, medo e julgamento. As vezes você não sabe o que gosta, ou o que não gosta de comer e as regras alimentares têm atrapalhado a sua rotina. E, por fim, muitas vezes sua vida foi afetada pela forma que você se alimenta e encara a sua relação com a comida.

ASPECTOS CULTURAIS DO TRANSTORNO ALIMENTAR – OS PADRÕES DE BELEZA


Segundo pesquisas, a incidência de transtornos alimentares dobrou nas últimas duas décadas Diversos estudos foram de investigações sobre a associação entre os padrões de beleza estipulados pela sociedade em relação ao aumento significativo de número de casos foram realizados e conclui-se que o ideal de magreza é entendido como um dos fatores culturais principais que contribuiriam diretamente para o aumento da maioria dos transtornos alimentares.


É claro que o conceito de beleza sofreu – e sofre constantemente - inúmeras variações ao longo dos anos e os hábitos e práticas alimentares são construídos com base nestas determinações socioculturais, porém atualmente percebemos que as práticas alimentares e os padrões estéticos corporais caminham juntos e trazem, para a nossa sociedade, um prognóstico bastante preocupante, por exemplo, o preconceito contra a gordura atinge crianças desde a pré-escola e deste modo, o ser humano é pressionado por diversas formas, a concretizar, no próprio corpo, o ideal corporal imposto pela sociedade.


A sociedade, principalmente a população feminina, em que é mais vulnerável aos ideais de beleza criados, é constantemente pressionada para essa representação por punições (como críticas, desprezo, deboche) e gratificações (dinheiro, poder, e até mesmo admiração) e desta forma, o corpo se tornou um dos valores mais importantes no nosso atual momento histórico e como consequência, as pessoas veem o corpo como instrumento que deve ser perfeito. Esse padrão inatingível de magreza já chegou ás crenças nucleares dos indivíduos e os aprisionou dentro de si mesmos. Em consequência disso, mais de 98% das mulheres não se veem bonitas e essa busca obsessiva para alcançar os padrões impostos, acaba desfigurando a tênue linha divisória entre o que é o cuidado saudável com o corpo e o sutil movimento de instalação de doenças e transtornos alimentares.



TIPOS DE TRANSTORNOS ALIMENTARES

Definido pela OMS e Associação Americana de Psiquiatria (AAP) são classificados como transtorno alimentar oito categorias diagnósticas principais (anorexia nervosa, bulimia nervosa, transtorno de compulsão alimentar, pica, transtorno de ruminação, e transtorno alimentar restritivo, síndrome do comer noturno e transtorno purgativo). Por ser um grupo de doenças que envolvem emoções e sentimentos negativos na relação com a comida (medo, culpa, arrependimento, fracasso), percepção corporal inapropriada (depreciação ou distorção de imagem corporal), crenças nutricionais distorcidas (sobre calorias e alimentos ditos proibidos) e sintomas afetivos ansiosos (como depressão e ansiedade) após o diagnostico, por se apresentar uma diversidade de sintomas, tanto cognitivos, quanto comportamentais, tratamento envolve uma equipe multidisciplinar como psicólogos, nutricionistas psiquiatras, endocrinologistas e também profissionais da educação física e é de extrema importância, tendo em vista os altos índices de mortalidade relacionados.




ASPECTOS PSICOSSOCIAIS


O transtorno alimentar afeta não só a saúde física, mas também a psicossocial. Aspectos de personalidade como por exemplo baixa autoestima e intolerância à frustração, são alguns dos fatores que podem desencadear um transtorno alimentar. É nítido, nestes transtornos que os pensamentos e as emoções ligados ao corpo e à alimentação provocam sofrimento e dificuldades no convívio social, como por exemplo: pessoas que possuem anorexia nervosa, dependendo do grau, deixam de sair de suas casas pois sabem que ficarão expostas a comportamentos que direcionam à comida.



CARACTERÍSTICAS PSICOLÓGICAS DO TRANSTORNO ALIMENTAR – A IMPORTÂNCIA DAS INTERVENÇÕES PREVENTIVAS

Falar de prevenção é de extrema importância e pode ocorrer tanto individualmente, quanto na família, em grupos, de forma institucional (principalmente no ambiente escolar) em comunidades e também na sociedade em geral (propagandas, ou políticas públicas em geral), mas a questão chave em todo este processo preventivo é oferecer informações relevantes acerca do tema.


A prevenção de transtornos alimentares ainda é um campo novo, mas que começa a florescer tanto em ideias quanto pela necessidade. Proporcionar novas formas para o enfrentamento de situações sociais e moldar novas habilidades para poder identificar pessoas em risco de transtorno alimentar já são trabalhos positivos e que estão se tornando cada vez mais recorrentes, uma vez que – atualmente – nossa busca por qualidade de vida se expandiu.



TRATAMENTO

A Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) promove um trabalho direto no que se trata ao comportamento alimentar, pois demanda uma capacidade de refletir sobre o pensamento e de identificar, investigar e gerar novas alternativas no modo de pensar. Durante o processo terapêutico também é feita uma reestruturação cognitiva, em que é feita uma correção das distorções que os pacientes têm em relação à forma corporal e ao peso. A terapia também vai auxiliar na redução dos sintomas depressivos associados, na melhora da autoestima e também do funcionamento social.



Tudo isso tem tratamento, é um caminho longo de autoconhecimento e muitos questionamentos, mas o fundamental é acreditar na mudança!


Referencia: American Psychiatric Association (APA). Diagnostic and statistical manual of mental disorders. 4th ed. Washington (DC): American Psychiatric Association; 1994.








 
 
 

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